16 de junho de 2013

Conto #Ondine-2

Depois de alguns minutos embaixo d'água, Ondine percebeu o quão escuro estava. Ela ficou assustada depois de muitos anos. Não por ter medo da noite, ou do escuro. Ficou com medo, pois no seu relógio ainda marcavam 15:30, e a água estava completamente escura.
Uma névoa vermelha, apareceu vindo das cavernas subterrâneas, ela nadou com toda a sua força para subir e ir para a praia, mas suas pernas pareciam dois pedaços de rocha, não conseguia se mexer com a facilidade e agilidade que sempre lhe foram úteis, seus movimentos eram lentos, e a névoa era cada vez mais rápida. Em alguns minutos a névoa alcançou Ondine.
Dançando envolta dela, a névoa parecia querer brincar, parecia absorver o seu medo e aumentar ainda mais. Ondine, já não conseguia prender a respiração e deu uma boa respirada embaixo d'água o que encheu seus pulmões não foi o ar, e sim a água, levando consigo toda a névoa. De primeiro ela não notou seus pulmões com água e não pareceu estar prestes a morrer, pelo contrário, algo se contorcia dentro dela, dando ainda mais vida.
Ela não sabia o que estava acontecendo, algo sombrio emanava dela, o medo se abateu sobre sua pele e então começou a respirar pesadamente, mesmo debaixo d'água era como se o ar entrasse, era como se ela conseguisse absorver o oxigênio que estava na água.
Depois de alguns minutos começou a perceber certos formigamentos na pele. No peito, nas costelas, na cintura e principalmente na perna, e um estranho desconforto nos olhos, que pensou ser por causa da água do mar.
Quando finalmente o desconforto dos olhos passou, ela olhou à sua volta. Conseguia enxergar perfeitamente, e se ela pudesse ver como estavam seus olhos levaria um susto, estavam assustadores, eram duas fendas envoltas por uma estranha cor amarela.
Nas costelas agora duas guelras tinham nascido, na cintura uma barbatana de cada lado, e as pernas coladas uma a outra, unidas por várias camadas de escamas com apenas uma separação próximo aos pés, ela havia se transformado em um peixe, pensou.
Ela parecia estar bem, mas agora voltara a notar na secura dentro da garganta, a sede que antes sumia quando estava próximo a água, agora reapareceu, ainda mais forte.
De longe veio um cheiro que ela descreveu como delicioso, algo que fez sua garganta borbulhar e seu sangue ferver. Nadou mais rápido que nunca, sua nova cauda era maravilhosa, ninguém poderia ultrapassa-la. 150 metros a diante, um mergulhador acabara de bater o joelho em uma pedra, o sangue fluía e se dissipava no mar.
Ondine mal percebeu que espreitava o homem sorrateiramente, ela ia atras daquilo que parecia saciar sua sede.
O sangue.
Mal percebeu quando sugou a vida de uma pessoa.
Mal percebeu quando havia se transformado em um demônio do mar...

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